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MP3 invade as pistas de dança


Em vez de discos de vinil ou CDs, DJs de casas noturnas badaladas de São Paulo levam laptop com música digital para as festas

O formato MP3 mudou a maneira como milhões de pessoas ouvem músicas e deixou de cabelo em pé a indústria fonográfica. Agora, as canções digitais começam a ocupar espaço em um dos últimos redutos dos discos de vinil e CDs: as pistas de dança. Em badaladas casas noturnas de São Paulo, PCs e notebooks roubam a cena e embalam festas que terminam só no começo do outro dia.

A mudança não quer dizer que os DJs se cansaram de tocar discos. Eles continuam comandando o som por meio de picapes e bolachões. Mas as músicas estão guardadas nos PCs. Graças a um sistema batizado de Final Scratch, eles conseguem transmitir as canções guardadas nos computadores para discos de vinil especiais. A vantagem é que, em vez de carregar caixas e mais caixas, os DJs agora levam só o notebook e dois discos para as casas noturnas. “É muito mais prático que levar os vinis para a festa”, diz Márcio Rogério Garcia, o DJ Techjun, que toca no clube D-Edge.

O DJ, que usa o Final Scratch há cerca de dois anos, conta que consegue levar em seu notebook mil músicas para as festas – um volume impensável, caso ele tivesse que carregar os bolachões. “Para levar apenas 100 músicas para uma balada, preciso carregar um case (estojo) com cerca de 80 a 100 discos”, diz Techjun.

Encontrar as músicas também ficou mais rápido. Em vez de procurar uma faixa no meio de dezenas de discos, basta digitar o nome dela ou do artista. “O sistema localiza a música em 5 segundos”, diz Techjun. Com esse sistema os DJs conseguem controlar o som da mesma maneira que faziam com os antigos vinis. Isso porque o Final Scratch “grava”, em tempo real, as canções guardadas no PC em discos especiais. Na prática, é como se o DJ tivesse colocado para tocar um disco comum. Ele pode fazer scratches (o recurso muito usado no hip hop, de rodar o disco para frente e para trás, para distorcer a música) ou controlar as batidas por minuto (bpms), fundamental para sincronizar as batidas dos dois discos na troca de música.

“A sensação é praticamente a mesma de tocar com um disco de verdade”, conta o DJ Ronaldo Gasparian, que usa o Final Scratch em seus sets no Asia 70, clube inaugurado no fim do ano passado no Brooklin. O DJ Lipe Forbes, que também usa o sistema em festas, concorda: “Dá para fazer tudo o que se faz com um vinil.”

O fato de o MP3 ser um formato com menos qualidade de som que o CD ou o vinil não chega a preocupar. “Eu sinto diferença. Os graves, por exemplo, não se destacam tanto”, diz Techjun. “Mas o público não percebe.”

Apesar de trazer várias vantagens para os DJs, o sistema ainda não é unanimidade entre eles. “No Brasil ainda tem muita gente que não quer dar o braço a torcer. Eles têm medo de dominar o software”, acredita o DJ Techjun.

Se o Final Scratch abre possibilidades para os profissionais que vivem de animar festas, ele também traz novos problemas. “Existe toda uma parte burocrática”, explica Techjun. “Você precisa converter as músicas dos discos ou dos CDs para o formato MP3. Depois, tem de conferir se a qualidade da canção está boa para poder tocar na pista.” Problemas técnicos também preocupam os DJs. “Você depende de um computador, que sempre pode travar”, diz o DJ Gasparian. Lipe Forbes concorda: “ Já tive muitos paus e, por isso, hoje uso menos o Final Scratch.”

Além disso, existe a questão da segurança. Carregar um laptop para cima e para baixo pode ser arriscado, ainda mais numa cidade como São Paulo.

“Foi por isso que não comprei um notebook potente”, conta o DJ Techjun.

“Não iria me sentir tão seguro de levar o computador para qualquer lugar.”


Fonte: Link - Estadao

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