Sabe o cabeludo com piercing no nariz dançando com cara de louco ao seu lado? Ele é da polícia. Os homens caíram na balada e já apreenderam 450 comprimidos de ecstasy numa só festa.
Numa badalada casa noturna, o fornecedor (ao fundo) e os policiais (à frente) espreitam suas vítimas na pista de dança. A moça bonita curte o som sem saber o que lhe aguarda...
Há uma nova galera batendo ponto na noite paulistana. Eles dirigem carros importados, vestem roupas descoladas, dançam até o sol amanhecer, chamam DJ pelo nome e sabem a diferença entre trance e drum'n'bass. Apesar de tudo isso, não estão na noite para se divertir. São 11 policiais civis lotados no Departamento de Investigação sobre Narcóticos, Denarc.
A missão deles é prender traficantes de drogas sintéticas nas casas de música eletrônica da cidade. Desde que botaram as baladas na rotina de trabalho, a apreensão de ecstasy, LSD e lança-perfume do setor de operações especiais do Denarc quase triplicou. Chegaram a encontrar 450 comprimidos de ecstasy numa só festa. Conheça os detalhes cinematográficos da ação desse esquadrão, que freqüenta a mesma rave que você.
O sucesso da Operação Dancing, como é chamada com muita propriedade nos corredores da polícia, depende diretamente da confiança conquistada pelos policiais infiltrados entre os usuários e traficantes. Essa tarefa é responsabilidade de quatro agentes, todos belos rapazes (epa, epa!) entre 20 e 27 anos, chamados de "conviteiros". Como diz o nome, eles ficam encarregados de descolar convites para as festas fechadas e descobrir onde os traficantes vão atuar em cada noite. Volta e meia, acabam dentro do camburão ao lado dos caras que foram prender. "Fui preso com os traficantes umas dez vezes para eles não se ligarem que eu sou policial", conta Murilo, 27 anos.
Traficantes e policiais maurícios
Vendedores de drogas sintéticas são tão parecidos com traficantes de maconha quanto um padre se parece com um metaleiro. Para começar, não ficam na favela. Circulam pelas festas e têm o mesmo perfil dos usuários. É por isso que, na hora de pegá-los, ajuda muito escalar investigadores mauricinhos ou descolados. Eles gostam de fazer as mesmas coisas, assistem aos mesmos filmes, sempre freqüentaram os mesmos lugares, se vestem da mesma maneira, falam as mesmas gírias, andam do mesmo jeito, têm as mesmas referências e até estudaram nas mesmas escolas e universidades que os traficantes.
Treinamento de cinema
Os investigadores da polícia clubber passam por um treinamento que a maioria dos policiais brasileiros só vê no cinema. A lista é extensa: manuseio e manutenção de armas curtas e longas, tiro com armamento leve e pesado, direção defensiva e ofensiva, uso de granadas, campanas, invasões táticas, formas de controle de distúrbios de multidão, rapel e até pára-quedismo. Também recebem aulas de psicologia para identificar características pessoais e se enturmar com mais facilidade com a moçada da noite.
A garota apresenta o traficante. Os investigadores compram a droga: "Hum... É do bom. Você tem mais?" A presa morde a isca...
Usando técnicas como essas, a Operação Dancing já foi responsável por prender traficantes de todos os portes.
É por isso que os homens da polícia clubber estão agindo com mais paciência e menos ansiedade. Para chegar aos traficantes graúdos, os investigadores cruzam informações obtidos pelos agentes infiltrados, com as reunidas pelo setor de inteligência, através de escutas telefônicas e interrogatórios de presos. Identificado o grande fornecedor, tenta-se um flagrante. A estratégia é dizer que um gringo quer comprar uma boa quantidade para uma festa que vai dar. O papel desse estrangeiro cabe ao delegado Celso, que fala quatro idiomas e recebeu treinamento em Israel, Alemanha e Canadá. Para passar por tantos compradores diferentes, vive mudando